Amigo, você conhece a Dama
da Noite? Você já a viu alguma vez? Claro que me refiro à flor que
tem este nome. Ela é a razão desta foto crônica de hoje.

Aconteceu na noite de 09 do corrente. Eu estava no computador quando
Marlene veio correndo, esbaforida, feliz da vida, e me chamou
carinhosamente para eu ir até o quintal com ela. Parei o que fazia e
a acompanhei.
Encostada ao tronco da nossa bonita mangueira estava, toda radiante
de beleza e encanto, além de espargir um perfume meio sedutor, a
linda Dama da Noite. Aliás, não era apenas uma, não, mas, acreditem,
eram cinco que haviam florido justo na mesma noite. Três estavam de
um lado da mangueira e duas do outro.
Associei-me de imediato à alegria de Lena e de toda a família que
veio testemunhar aquele presente da natureza que ocorre muito
eventualmente, apenas à noite, e dura uma noite só.
Explico: foi Julinho, filho de Lena, que a presenteara com umas
folhas da dita planta e ela tratou de as colocar em dois vasos. Por
que folhas? Amigo, a Dama da Noite não se cria através de sementes
como geralmente ocorre em outros casos. Realmente plantam-se folhas
da mesma. É isso aí.
Igualmente quando a flor resolve aparecer, se abrir e encantar o
mundo, o caule dela, meio comprido, sai também de uma folha, de uma
só. Cada flor saindo de determinada folha. Nunca se pode saber
quando isso vai ocorrer.
Naquela noite, por um mero acaso, tínhamos aqui lua cheia. Como já
podem deduzir os versejadores, havia poesia no ar. Tratei de pegar
minha câmera e fazer algumas fotos para guardar.
A dificuldade é que a escuridão não me deixava ver as flores pelo
visor da câmera. Peguei então uma lanterna. A intenção era apenas
para eu ter a exata noção de onde as flores estavam no visor, depois
apagava-se a lanterna e eu fazia a foto. Assim não influímos na cor
da Dama da Noite.
Nas três fotos que acompanham este texto estão todas as cinco
flores, embora separadamente. Em certo momento, Adrielle, a nossa
pequena bailarina, minha sobrinha neta, sugeriu que eu fizesse uma
foto com ela ao lado da flor. As dificuldades de iluminação não
impediram que este véio fotógrafo, amante inveterado da boa arte
fotográfica, conseguisse atender ao desejo de Didi.
Que expressão a menina fez, sem ensaiar! Ela é não só uma bailarina
em floração como uma artista a caminho do estrelato. Mirem a foto e
depois me digam se gostaram. Ela faz ou não justiça à beleza das
duas? Por favor, não me chamem de cabotino, não, apenas extravaso
com toda sinceridade o que minha alma festeja.
Lena foi até chamar nossa vizinha do lado direito, a Sônia, amiga
dela há décadas, para ser mais uma testemunha de tanto encantamento
naquela noite abençoada pela natureza. Dava vontade de ficarmos ali
horas a desfrutar daquela beleza.
Mas, a noite passou e novo dia raiou. Tomei o meu desjejum e antes
de ir à caminhada fui dar uma olhada na Dama da Noite, embora já
sabendo de antemão por Lena que quando as luzes do dia se acendem a
flor começa a murchar, murchar e falece. E assim foi.
Todas cinco flores estavam completamente murchas, caídas, sem vida.
Haviam completado o seu ciclo. Não ficamos tristes porque sabemos que
é o destino das Damas da Noite e que daqui a mais algum tempo outras
novas nos proporcionarão a mesma alegria, a mesma beleza, o mesmo
encantamento.
Marlene estava mais feliz ainda porque tem assistido ao constante
sucesso de suas dedicadas incursões no plantio de tantas frutas,
legumes, hortaliças, e flores em nosso quintal. Ela tem muito jeito
para isso. O sucesso mais recente e fantástico foi a plantação de
abóboras cujas 22 fotos estão no meu site pessoal em “Álbum de
Fotos.” Quem ainda não viu não sabe o que perdeu.
Ver o que se pode fazer, quando se quer e se tem tanta disposição em
favor da natureza e em comunhão com ela, em nosso próprio quintal. E
há pessoas que simplesmente o cimentam... Não querem ter
“trabalho”!!
Essa era a história que queria lhes contar hoje nesta foto crônica.
Quem desejar saber mais sobre a Dama da Noite pode me escrever que
responderei com todo o prazer.

(14 de março/2009)
CooJornal no 623
Francisco
Simões
escritor, poeta, fotógrafo (expositor), ex-radialista
Rio de Janeiro
fm.simoes@terra.com.br
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