16/11/2020
Ano 24 - Número 1.197

ARQUIVO SIMÕES

Francisco Simões
em Expressão Poética

Venha nos
visitar no Facebook


|
Francisco Simões
AS FACES DO PERDÃO
|
 |
Nesta já minha longa vida eu confesso ter passado por situações as
mais variadas. Vou, entretanto ater-me ao perdão tenha sido ele a
meu favor ou em outras vezes contra mim.
Não estranhem,
mas desde jovem a gente costuma se envolver em certas situações
que acabam por nos levar a algum tipo de julgamento. Comigo,
afirmo que não foi diferente. Quem na juventude não errou ao
adotar determinado procedimento que nos levou a pedir perdão?
Quando o nosso julgamento fica só em família o entendimento do
que fizemos ou praticamos costuma ser mais simples ou mais fácil
de julgamento. Eu nunca tive alguma palavra do meu saudoso pai
português, a quem minha mãe ou minha avó costumavam levar alguma
queixa contra mim, quando criança ou quando jovem, que não fosse
emoldurada por um sorriso e algumas palavras de compreensão e se
necessário também de conselho. Afinal eu nada fizera de grave.
Entretanto quero falar sobre o perdão ou a falta dele durante
estes 84 anos, incluídos aí meus três casamentos. Não deixa de ser
uma longa vida na qual eu passei por diversas experiências boas e
outras nem tanto.
Alguns ou algumas já se estarão
perguntando por que eu estou abordando este assunto? Logo
entenderão. Temos aqui em Cabo Frio a imagem e som da TV, antiga
Costa do Sol, e atual, Nova Costa. Gosto muito da programação que
usamos.
Nela estão incluídos entre muitos canais três que
se referem à Igreja Católica. São eles os canais 44, 45 e 46.
Costumo assistir todos os dias à missa apresentada ao vivo no
canal 44, da TV Aparecida, ao final da tarde.
O assunto
“perdão” não mergulha apenas no aspecto religioso, muito pelo
contrário. Ocorre que outro dia eu assistia à missa numa
quarta-feira, e o padre que a conduzia é daqueles que mais aprecio
pelas palavras, ou palestras que o mesmo costuma pregar durante a
missa ou fora dela.
Naquele dia eu assistia à referida
missa quando me vi fascinado pela forma como o referido padre
abordou o tema “Perdão”. A certa altura ele disse: “O perdão não
faz a outra pessoa, o perdoado, correto, mas sim ele faz você
livre”.
Não se trata de achar que o erro ou a falta
cometida por alguém não mereça sua compreensão e seu perdão, muito
pelo contrário. Segundo a Bíblia, se você perdoa alguém, você esta
abrindo mão de algo que julgava um direito seu, e transfere ao
seu, digamos, algoz a iniciativa de pedir perdão geralmente a
Deus.
Entretanto o que mexeu profundo comigo foi quando o
referido padre explicou que há pessoas que simplesmente não gostam
de perdoar, ou seja, que afirmam jamais ter perdoado e não
pretendem perdoar seja por que motivo for o que lhe tenham feito,
e seja lá quem for a pessoa.
Naquele momento me veio à
memória que nestes longos anos de vida eu conheci realmente
algumas pessoas assim. Raivosas, fazendo questão de exibir um
gênio que talvez justificasse sua atitude de nunca perdoar. Tanto
foram homens como mulheres, alguns ou algumas que costumavam ter
aquele tipo de atitude grosseira só para determinadas pessoas,
curiosamente para outras não. Vivendo e aprendendo.
Este
foi um aspecto que o padre ilustrou de forma brilhante, no meu
entender. Ele afirmou que a nada leva ser vingativo, nunca perdoar
outrem, o que acaba por tornar a referida pessoa a estar
permanentemente de mau humor, a ter um relacionamento difícil com
outros seja com quem for. Neste ponto eu confesso que além do
padre eu ouvia a voz de alguém analisando o tema “perdão” com
total isenção do aspecto religioso.
Eu sei que algumas
vezes é difícil assumir o perdão, mas se o fazemos nos colocamos
um ou mais degraus acima, no melhor dos sentidos, da pessoa que
nos atingiu ou nos ofendeu. Entendi que é muito melhor sentir-se
assim do que descer de nível ao nos tornarmos vingativos.
Lembro aqui estas sentenças que significam muito para quem tem boa
vontade. Vejamos: “O primeiro a pedir desculpas é o mais corajoso,
o primeiro a perdoar é o mais forte. E o primeiro a esquecer é o
mais feliz.”
Lembro outra sentença que aprecio por demais:
“Perdoe os outros, não porque eles merecem perdão, mas porque você
merece paz.” --- Poderia referir-me aqui a diversas sentenças
sobre o perdão, mas vou ater-me apenas a mais uma: “Aprenda a
perdoar porque você também erra.”
Esta terceira sentença a
respeito do perdão eu confesso que na sua simplicidade ela diz uma
imensa verdade. O padre a que me refiro acima fez uma análise
ainda mais profunda sobre o aspecto humano ou de suas relações,
não apenas sobre o religioso. Isto ainda mais me fascinou.
Encerro por aqui porque percebo não ter a competência necessária
para mergulhar mais fundo neste assunto. Se eu já convivi com
poucas pessoas incapazes de perdoar por outro lado me sinto
orgulhoso após ouvir aquela palestra a que me atenho acima sabendo
que eu nunca neguei a alguém o perdão, embora a mágoa ficasse
eventualmente guardada no meu íntimo por algum tempo.
Comentários sobre o texto podem ser enviados diretamente ao autor, no email
fm.simoes@terra.com.br
Francisco Simões
escritor, poeta, fotógrafo (expositor), ex-radialista
Rio de Janeiro
Conheça um pouco mais de Francisco Simões
http://www.riototal.com.br/escritores-poetas/expoentes-021.htm
http://www.riototal.com.br/expressao-poetica/francisco_simoes.htm
www.francisco-simoes.com
Direitos Reservados É proibida
a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação eletrônico ou
impresso sem autorização do autor.

|
|