A
propaganda é a 'arma' do negócio
Reza a ética, que toda e qualquer
propaganda publicitária, deve ser fiel ao produto
anunciado, bem como as condições de venda do mesmo.
Contudo, observa-se nas mais diversas atividades do
país, que existem os bons e os maus profissionais.
Já é de
conhecimento da população a existência do Código de
Defesa do Consumidor, que garante ao cliente lesado,
pela propaganda enganosa, o direito de reclamar e exigir
o cumprimento da promessa feita, seja através de orgãos
como o Procon, ou através da Justiça, quando o problema
não for resolvido.
E é exatamente
isso que está acontecendo, no caso dos financiamentos
realizados com o Grupo OK. Um grupo de mutuários,
sentindo-se lesado, entraram com ação contra o Grupo OK
Construções e Incorporações S. A.
O STJ, em
decisão recente, beneficiou os mutuários que foram
lesados pela propaganda enganosa da referida empresa,
que agora deverá financiar os imóveis nos moldes da CEF,
como havia prometido.
Sendo assim, o
Grupo OK deverá financiar o restante do saldo devedor
dos imóveis adquiridos pelos compradores do Distrito
Federal nas mesmas condições e prazos de financiamento
que seriam concedidos pela Caixa Econômica Federal
(CEF), desde que os mutuários preencham os requisitos
estabelecidos.
A empresa queria
alterar o contrato por meio de um aditamento sem levar
em consideração a opinião da outra parte, o que é
ilegal. Pelo contrato com o Grupo OK, os mutuários
deveriam receber parte do preço do imóvel mediante o
pagamento de 30 parcelas a título de poupança e, sob
condição de entrega das chaves, a quitação integral
desse valor. Além disso, o financiamento do saldo
devedor deveria ser feito pelo sistema de equivalência
salarial da CEF. Como o banco não financiou a totalidade
do saldo devedor, o Grupo OK tentou repassar o prejuízo
ao consumidor.
Ao não concordar
com a alteração, os mutuários foram obrigados a requerer
na Justiça a nulidade do documento e o cumprimento das
condições anteriores. No STJ, os ministros consideraram
que a expressão "Financiamento Caixa Econômica Federal"
nas peças publicitárias é clara e obriga a empresa a
cumprir a promessa, uma vez que esse argumento levou
diversos consumidores a assinarem o contrato.
Douglas Lara

Garimpando reminiscências
Orozimbo Roxo Loureiro
Durante o
curso de bacharelado em Ciências Contábeis, tomei
conhecimento das realizações, deste ilustre
brasileiro, que muito fez pela pátria. O que eu não
podia imaginar, era que um dia, eu o conheceria
pessoalmente. Ao aceitar um emprego em Lorena, na
década de 60, instalei-me no então renomado "Clube
dos 500".
O que poucos
sabem, é que às margens da movimentada rodovia entre
São Paulo e Rio de Janeiro, é possível se instalar
confortavelmente no Hotel Resort & Golf Clube dos
500. Tombado pelo Patrimônio Histórico, este espaço,
construído na década de 50 foi projetado por Oscar
Niemeyer. O tradicional hotel do Vale do Paraíba, em
Guaratinguetá, oferece 600 mil metros quadrados. O
café da manhã é oferecido num ambiente ricamente
preparado que conta com um painel de parede assinado
por Di Cavalcanti. Outra opção é relaxar à sombra
generosa das árvores que ornamentam os jardins
planejados por Burle Marx.
Este
empreendimento foi concebido por Orozimbo Roxo
Loureiro para reunir 500 amigos em um clube,
banqueiros, políticos e artistas, que ali paravam
para descansar durante a viagem. O percurso Rio-São
Paulo era feito de carro em geral por pessoas
abastadas. O clube ficava praticamente na metade do
percurso, proporcionando assim uma parada bastante
agradável, aos viajantes. Atualmente administrado
pela família Sodré Santoro, que adquiriu o hotel e o
campo de golfe em 1991, a propriedade oferece 70
apartamentos. Posteriormente o Bradesco adquiriu o
hotel e demais facilidades para transformar o local
em um centro de treinamento de funcionários do
banco.
O cenário
completa-se com trilhas para caminhadas, saunas,
quatro bares estrategicamente posicionados, cinco
restaurantes, campo de futebol, quadras esportivas,
pista de Cooper, salão de jogos, salas de leitura e
tevê, além de ambientes específicos para encontros
de trabalho.
Quando eu
ainda era estudante de ciências contábeis, conheci
um pouco sobre as atividades deste grande brasileiro
'Orozimbo Roxo Loureiro'. Quando ele morava em
Campinas, produziu o café solúvel no Brasil,
posteriormente mudando para São Paulo, onde foi
morar na casa de um de seus irmãos e trabalhava como
corretor de imóveis. A maior parte das pessoas
desconhece, que o banco que ele era proprietário, se
me recordo o Banco Nacional Imobiliário, BNI; e,
entre suas empresas, havia a Companhia Nacional
Imobiliária, CNI, que construiu o Edifício Copan. A
CNI era dirigida por um sócio minoritário de Roxo
Loureiro, Octavio Frias de Oliveira - exatamente, o
da Folha. Foi o primeiro banco a ter filiais na
cidade de São Paulo, no bairro da Barra Funda.
Acredito,
foi ele também que criou a 'poupança no Brasil',
usando como instrumento de captação os 'canguru
mirins' que motivavam as crianças a guardar moedas
em cofrinhos. Podemos afirmar que foi um dos
mentores da SUMOC. Começou com ele a
Superintendência da Moeda e Credito (SUMOC),
posteriormente sucedido pelo Banco Central do
Brasil.
Ainda como
banqueiro criou o primeiro clube de executivos do
Brasil: o clube Nacional. Posteriormente criou o
primeiro 'camping' do Brasil. A casa que foi usada
para sede do clube de executivos, tinha sido
anteriormente sua residência. Como passei muitas
férias no Clube dos 500 onde adquiri uma casa, que
mantive durante mais de 10 anos, acabei me
aproximando do Dr. Orozimbo, que me contou ser o
clube uma fazenda que ele havia comprado
anteriormente. Esta fazenda tinha a frente para a
estrada velha Rio - São Paulo, tendo sido
posteriormente cortada pela via Dutra.
Em uma
conversa, solicitei que ele me fornecesse algum
material sobre a sua vida. Ele disse que tinha
destruído tudo num período de depressão, dando-me o
nome de um professor da USP, que tinha sido seu
grande amigo e companheiro de muitas jornadas.
Passados alguns anos, recebi ainda no clube dos 500,
através de um funcionário do Orozimbo, um livro com
dedicatória que contava sua autobiografia, de nome
'garimpando reminiscências'. Gostei muito de ter
conhecido o que ele fez na teoria e na prática.
Registrei em carta o meu agradecimento pelo livro
recebido.
Orozimbo
Roxo Loureiro, um brasileiro que sempre esteve 20
anos à frente de seu tempo, merece ser para sempre
lembrado.