Agorafobia:
você conhece esse medo?

Renato Russo escreveu certa vez: "E o teu medo de ter medo de ter
medo". Seguindo este raciocínio podemos entender o que é a agorafobia. Em termos concretos, é uma doença cuja principal
característica é justamente o medo de ter medo. Anos atrás, a
definição mais usada para a doença era o temor a lugares abertos,
expressão originada da palavra grega "agoraphobia que,
separadamente, quer dizer "ágora" (praça, mercado) e "phobia"
(horror, medo).
A agorafobia não pode ser considerada uma doença por si só, ela é
apenas uma das manifestações clínicas de uma doença grave que é o
Transtorno do Pânico, no qual o paciente é acometido pela ocorrência
espontânea de ataques de pavor repentino. A agorafobia é um dos
sintomas mais latentes do Transtorno do Pânico.
O paciente, em estágio agorafóbico, apresenta temores de lugares
públicos onde, na visão do doente não seria possível uma saída
rápida caso venha a ter um ataque de pânico. O indivíduo passa a ter
medo de estar em uma situação em que seu socorro possa ser
dificultado caso tenha tontura, palpitação, falta de ar, dificuldade
para falar ou, até mesmo, medo de morrer.
No shopping, em uma viagem ou multidão. Esses são apenas alguns dos
lugares onde o indivíduo pode ter um ataque súbito. Nesse momento,
ao se imaginar tendo uma crise de pânico, a pessoa permanece parada
em determinado local, imóvel, não querendo ficar sozinha. Para
Virgínia Turra, psicóloga do Hospital Universitário de Brasília, é
aí que a família começa a participar do sofrimento de quem está em
crise. "A solidão de quem sofre com o problema se transforma na dor
de toda a família", esclarece a psicóloga.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,
da American Psychiatric Association (APA), o Transtorno do Pânico
com ocorrência de agorafobia atinge três vezes mais mulheres do que
homens. Boa parte do diagnóstico do agorafóbico se dá em consultas
ao neurologista ou otorrinolaringologia. Cerca de 60% dos casos são
apontados em consultórios cardiológicos.
O diagnóstico da agorafobia exige um exame minucioso. Já nos
primeiros sintomas é preciso consultar um profissional de saúde
mental, que pode identificar se o paciente está ou não tendo uma
crise. Virgínia aconselha as pessoas a não fazer autodiagnóstico.
"Fazer uma avaliação de si mesmo não é um bom caminho. Os
transtornos de ansiedade são variados e é preciso fazer um bom
diagnóstico, tanto de situações médicas quanto de outras formas de
sofrimento psíquico", afirma.
Como tratar?
O tratamento da agorafobia é determinado caso a caso. Geralmente,
combina terapia com medicamentos e psicoterapia. Outro aspecto do
tratamento é o diálogo entre psiquiatra e psicólogo. É muito comum
que o paciente produza suas próprias conclusões a partir do que
escuta em consulta com esses dois profissionais, passando a
tratar-se por conta própria, procedimento não indicado. "O
auto-tratamento não é o ideal. O correto é que psiquiatra e
psicólogo afinem o discurso para, então, chegar a terapia mais
indicada".

Direção e Editoria - Irene
Serra |